História e Desenvolvimento do bairro Teotônio Vilela
Por: Adson Alves Costa
No auge dos seus 26 anos de idade, antes conhecido como Gomeira, o bairro Teotônio Vilela localizado na zona oeste da cidade de ilhéus sofreu ao longo do tempo grandes transformações, tanto na ascensão demográfica quanto na sua infraestrutura. É partindo desse contexto que vamos começar a embarcar nos grandes benefícios e aparatos que a população do Teotônio Vilela conseguiu através de muita luta e determinação ao logo de sua história.
Sabendo que o bairro Teotônio Vilela é um dos maiores do município, sua proporção demográfica acompanha o grau de sua extensão territorial. Desta maneira, é possível perceber que ocorreram várias mudanças ao longo desses 26 anos, assim, começaremos a entender um pouco mais da história deste bairro e, consequentemente, analisar o grau de desenvolvimento social que o mesmo vem passando ao longo do tempo.
Da Gomeira ao Teotônio Vilela
Em 1985, começa uma das maiores histórias envolvendo a criação de um bairro na cidade de Ilhéus. Ainda conhecido como Gomeira, o bairro tinha cerca de 20 moradores e este nome deriva das gomas que eram feitas por estes moradores que por sua vez levavam e vendiam na parte central da cidade. O salto populacional foi fruto da falta de planejamento urbano, que fez com que muitas pessoas buscassem áreas desocupadas e o bairro da Gomeira era o principal alvo de moradia para muitos trabalhadores rurais que haviam perdido tudo com a quebra da monocultura do cacau. Em 1986, o bairro já tinha aproximadamente toda a sua área explorada e cerca de 3.000 mil habitantes, por isso, precisou ser oficializado e passou a se chamar Teotônio Vilela, em homenagem ao senador alagoano.
A década de 1990 foi à época em que o bairro cresceu muito mais e sua população passou de 3 mil habitantes para 15 mil habitantes. Com um crescimento acelerado. Logo os problemas começaram a surgir, pois o bairro apesar de ter sido dividido por lotes e quadras, carecia de saneamento básico (esgoto, água encanada e energia elétrica) e de escolas. Em 1991 a primeira escola do bairro foi criada, Escola Municipal Temístocles Andrade – EMTA, e um pouco antes a chegada da energia elétrica, o que proporcionou para a população do bairro condições mais dignas de sobrevivência.
Em 1999, o bairro ganhou também a sua primeira escola estadual Colégio Estadual Professor Fábio Araripe Goulart – CEPFAG, que possibilitou que os moradores cursassem o ensino médio dentro do próprio bairro. A escola é considerada um modelo de instituição de ensino, pois disponibiliza para os alunos uma quadra poliesportiva, um laboratório de informática e uma área de lazer – cultural para os alunos fazerem apresentações teatrais ou musicais.
A expressão "sociedade urbana" responde a uma necessidade teórica. Não se trata simplesmente de urna apresentação literária ou pedagógica, nem de uma formalização do saber adquirido, mas de uma elaboração, de uma pesquisa, e mesmo de uma formação de conceitos. (LEFÈBVRE Henri. A revolução urbana. Belo Horizonte, 1999, p. 121).
Com uma razoável estrutura, o Vilela continuou a se desenvolver, principalmente na área comercial. O bairro, em 2001 já tinha cerca de 30 mil habitantes e este contingente populacional despertou o interesse de empresários das mais variadas áreas como: alimentícia, lojista, mecânica, farmacêutica e bancária. Assim, a periferia passou a ter uma “independência” em relação às áreas centrais da cidade e consequentemente atraiu mais uma parte da população da cidade.
Mas, o bairro ainda apresentava algumas carências, principalmente de pavimentação, Só em 2003, o Vilela ganhou pavimentação e facilitou ainda mais a locomoção dos ônibus e carros que trafegam diariamente pelo bairro. Já em 2006, o bairro ganhou postos de saúde por quadra, o que facilitou ainda mais a população com relação ao serviço de saúde, pois estes postos foram colocados estrategicamente em pontos que moradores das redondezas pudessem frequentar estes, sem precisar percorrer grandes distâncias. Ainda assim o bairro também ganhou um posto de atendimento 24 horas, para atender casos de urgência.
No censo demográfico de 2010, o bairro apresentou 40 mil habitantes, mais que o dobro da década de 1990. Com tantas pessoas, o bairro passou a apresentar problemas de violência e de infraestrutura. Os órgãos públicos adotaram medidas paliativas para solucionar cada um dos problemas, para combater a violência as autoridades instalaram uma companhia militar e rondas diárias de policiais com viaturas por todas as ruas do bairro, para os problemas de infraestrutura a prefeitura agiu com ações e mutirões de limpeza e educação ambiental junto aos moradores. Vejam logo abaixo o gráfico mostrando o crescimento populacional do Teotônio Vilela.
Figura 1: Gráfico que representa o aumento demográfico do bairro Teotônio Vilela na cidade de Ilhéus – BA desde a sua fundação, até o ultimo censo demográfico em 2010.
Apesar das tentativas de preservação ambiental feita pelos órgãos públicos, à grande área de manguezal ao redor do Teotônio Vilela, não foi suficiente para frear a processo de ocupação nestas áreas. Muitos dos moradores alegam que não tem outro lugar para morarem, enquanto outros dizem não ter conhecimento de alguma medida, principalmente da prefeitura para ajudá - los com a preservação dos manguezais.
De certo modo, é importante ressaltar que o problema da ocupação das áreas de manguezais é fruto da falta de espaço nas áreas centrais do bairro. “Em verdade, o que urbanismo acaba promovendo e legitimando é uma redução da vida urbana ao mínimo, pesando sobre ela.” (Lefebvre1999). A necessidade que o indivíduo tem de conseguir um local para morar, faz com que ele passe por cima de muitos aspectos e consequentemente isso não afeta só um berçário natural, que além de poluir, coloca várias espécies de animais que dependem deste habitat em ameaça de extinção, ou até mesmo extinção impedindo a proliferação das espécies de crustáceos como caranguejos e aratus que são os mais prejudicados pela ocupação ilegal e consequentemente irregular destas áreas.
Com o apanhado histórico do bairro Teotônio Vilela, foi observado todo o seu desenvolvimento ao longo de sua existência, hoje, fenômenos geográficos ocorrem discretamente dentro desta periferia como a supervalorização dos terrenos e residências e a verticalização do espaço, ambos fruto de um lento e intenso processo de urbanização que é natural em todos os lugares do mundo, principalmente em países subdesenvolvidos, como é o caso do Brasil.
Referências
LEFEBVRE, H. A revolução urbana. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999.
VILLAÇA, F. Efeitos do espaço sobre o social na metrópole brasileira. In: SOUZA, M. A. A.; LINS, S. C.; SANTOS, M. P. C.; SANTOS, M. C. Metrópole e globalização: conhecendo a cidade de São Paulo. São Paulo: Ed. Cedesp, 1999, p. 221-236.
IPEA/IBGE/NESUR-UNICAMP. Características e tendências da rede urbana no Brasil. Campinas: Instituto de Economia, Unicamp, 2000.